quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Depressão Infantil


    
 Nos próximos 20 anos, a depressão deverá tornar-se a doença mais comum do mundo, atingindo mais pessoas do que o câncer e os problemas cardíacos, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Atualmente, mais de 450 milhões de pessoas são afetadas por transtornos mentais diversos, a maioria delas nos países em desenvolvimento. Nos últimos 10 anos, de acordo com a OMS, o número de diagnósticos em crianças entre 6 e 12 anos passou de 4,5 para 8%.

O diagnóstico da depressão é baseado nos critérios estipulados pelo Manual de Estatística e Diagnóstico de Transtornos Mentais (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders), que exige a existência de pelo menos cinco dos sintomas determinados pelo documento, com durabilidade de duas semanas, para comprovação do quadro. Entretanto, em crianças em plena fase de desenvolvimento da personalidade, a aplicação do diagnóstico pode ser mais complexa e delicada.
Estão completamente erradas as pessoas que dizem: “crianças não ficam deprimidas porque não têm problemas”. E quem disse que precisa de problemas para ter depressão? Os problemas trazem tristeza, ansiedade e angústia. É claro que as vivências podem agravar nosso estado de humor, mas depressão é outra coisa. É uma doença, um transtorno do afeto, é um desarranjo cerebral funcional e tem uma base bioquímica.

O Transtorno Depressivo Infantil é um quadro sério e capaz de comprometer o desempenho, o desenvolvimento e a maturidade psicossocial. A maior dificuldade no diagnóstico, estudo e tratamento da depressão infantil é proporcionada pela descrença na existência da doença. Essa descrença foi influenciada fortemente pelo excesso de psicologismo dos autores que atribuíam à depressão uma origem exclusivamente vivencial, juntamente com o pouco conhecimento desses mesmos autores sobre os fatores biológicos das depressões.

 Ela existe, de verdade, e continua fazendo vítimas na mesma proporção em que profissionais que lidam com crianças, pais e, principalmente avós, teimam em achar que criança não fica deprimida.
Outro fator que compromete o entendimento da depressão infantil é a grande diferença entre seus sintomas e os sintomas da depressão do adulto. A criança não consegue ter essa consciência e sua depressão só pode ser indiretamente suspeitada através de seu comportamento. Nissen, em 1983, relacionou os principais comportamentos que caracterizavam a depressão infantil. Eram eles:

1 - Humor instável, 

2 - Autodepreciação, 

3 - Agressividade ou irritação, 
4 - Distúrbios do sono,
5 - Queda no desempenho escolar, 
6 - Diminuição da socialização,
7 - Modificação de atitudes em relação à escola, 
8 - Perda da energia habitual, do apetite e/ou do peso.



As crianças mais novas, devido à incapacidade para comunicar verbalmente seu verdadeiro estado emocional, manifestam a depressão de forma mais atípica ainda, notadamente com hiperatividade.  È preciso ter um cuidado especial e fazer o diagnostico diferencial de outros transtornos como, por exemplo, Distúrbios de Conduta, Ansiedade de Separação na Infância, bem como verificar o meio em que ela vive e se desenvolve, pois meio familiar turbulento e/ ou violento também podem gerar hiperatividade, e até mesmo, por conseguinte levar a depressão. Deve se respeitar também as características pessoais da criança, pois uma pode ser mais agitada que as outras, e isso é um comportamento de um desenvolvimento normal da criança, devemos estar atentos principalmente quando o comportamento e as atitudes mudam significantemente de um momento para o outro, essas mudanças são de extrema importância.

É PRECISO TER MUITA ATENÇÃO UMA VEZ QUE OS FATORES EXTERNOS PODEM SER CONFUNDINDOS COM OS SINTOMAS!

Do ponto de vista biológico, a depressão é encarada como uma possível disfunção dos neurotransmissores e neuroreceptores, com fortes evidências de fatores genéticos ou falhas em áreas cerebrais específicas. Antigamente classificava-se esse tipo de depressão como sendo endógena, ou seja, de natureza constitucional. Embora as classificações não utilizem mais esses termos, o conceito de Depressão Endógenapermanece verdadeiro e esse é o tipo de depressão que afeta as crianças com mais freqüência.

Além desse tipo de depressão existe aquela de natureza psicológica, associada às vivências e aspectos psicodinâmicos da personalidade. Na perspectiva social a depressão pode representar uma desadaptação, geralmente conseqüência de alteração dos mecanismos culturais, familiares, escolares, etc. Nesse caso, as variáveis psicológicas e sociais caracterizam um tipo de depressão anteriormente chamada de Depressão Exógena, ou seja, a depressão que representa uma reação a problemas psicológicos.

 É muito importante saber que existem momentos nos quais as crianças podem estar tristes, irritadas ou aborrecidas em resposta a vivências circunstanciais. Essas manifestações emocionais nada têm a ver com depressão, pois são fisiológicas, fugazes e passageiras. Entretanto, pode-se suspeitar de algum componente depressivo quando essas manifestações de aborrecimento, birra, irritação, inquietação ou outros rompantes são constantes e freqüentes, quase caracterizando uma maneira dessa criança ser e reagir.

Tratamento

O tratamento da criança deve ser iniciado o mais precoce possível, antecedido por avaliação do grau da depressão e possível definição do tipo e tempo do tratamento. Para as crianças mais novas, pré-escolares, se a depressão for mais leve recomenda-se a terapia cognitivo-comportamental
Nos casos de depressão mais severa deve-se indicar um tratamento psicológico mais intensivo e muitas vezes medicamentoso.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Limites e Resiliência



O mundo tem mudado cada vez mais rápido, muitas informações em pouco tempo e as pessoas não conseguem acompanhar as mudanças na mesma velocidade, principalmente as crianças que dependem de alguém que a ajude a desenvolver de forma saudável. Os pais na correria do dia a dia, trabalho, casa, família, acabam agindo com os filhos de acordo com o seu humor, se está de bom humor tudo pode, mas se não está com o humor muito bom, briga com a criança e não permite muitas vezes a mesma a ação que permitiu em outro momento. A criança se desenvolve sem saber discernir o certo do errado, não tendo regras claras, e não sabendo que modelo seguir. Ensine ao seu filho o que é o CARINHO, AMOR, RESPEITO, mostre com suas próprias atitudes os significados dessas palavrinhas, para que cresçam com referenciais voltados para os VALORES de família.

Regras são para serem feitas e cumpridas, para que se tenha limites no convívio familiar, mas elas precisam ser claras, para serem respeitadas. Uma boa DICA é: Abaixe na altura do seu filho e explique, quantas vezes for necessário, pois cada um tem o seu tempo para assimilar as informações, explique o que pode e o que não pode, sem esquecer de dizer  o porque é assim, jamais diga “é assim porque é, porque eu sou seu pai, ou sua mãe e você tem que me obedecer”. Isso torna um filho submisso é não é isso que queremos, queremos filhos autênticos, conhecedores e responsáveis por suas atitudes. Estamos plantando hoje o adulto que estará lançado no mundo amanha.

E difícil dizer NÃO para aquela “coisinha bonitinha” que olha nos olhos e derruba qualquer intenção dos pais de desapontá-lo, é nessa hora que precisa ser forte, sem medo de desapontar e dizer NÃO, temos que pensar que é preciso aprender a lidar com as frustrações, a esperar hoje para ter amanha, pois mesmo nós adultos não temos tudo no tempo e na hora que queremos.
Lembre-se que a maneira que a família encara os problemas pode causar mais sofrimento a criança do que a própria adversidade, por isso é necessário ter um dialogo aberto e honesto com os filhos, mesmo que não diga tudo, mas de forma lúdica diga sempre a VERDADE. Essa deve ser a sua melhor aliada.
Combine com seu filho recompensas e punições para seus comportamentos, para que ele aprenda o valor das coisas, e tenha LIMITES. Negociar com seus filhos quando os problemas surgirem são algumas estratégias que os pais podem ter. E importante saber elogiar o seu filho quando ele tiver um comportamento desejado, pois temos a pré disposição a brigar quando erra, mas não lembramos de reforçar o que ele faz de positivo.
È bom sempre estar atento a seu filho na escola, a maneira que ele aprende, pois cada um tem um jeito particular, é na escola que ele vai estabelecer as relações sociais.

O mais importante é estar realmente próximo e aberto a ouvir os filhos nos momentos em que estão juntos. Eles precisam saber que poderão contar com vocês para enfrentar qualquer dificuldade e sofrimento, assim cresceram fortes e seguros diante das dificuldades da vida.

Limites, pouco tem a ver com imposição, mas sim com todo o contexto que envolve a EDUCAÇÃO, que você dispõe para o seu filho, um desenvolvimento saudável, tem que estar ligado à maneira que o mundo o recebe, o ambiente em que vive. Isso faz parte também de estimular a resiliencia para que as crianças possam superar as adversidades sem sucumbir. Devemos lembrar que somos um conjunto do que trazemos que é só nosso, com o meio em que vivemos e cada um responde de uma maneira as situações da vida! Saiba olhar para o seu filho e sua subjetividade, ele é um ser único!

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Alienação Parental



    Em 26 de Agosto de 2010 foi sancionada no Brasil a Lei 12.318, que dispõe sobre a Alienação Parental. Embora tenha virado lei no Brasil, ainda há pouca produção em periódicos acadêmicos, sobretudo de autoria de profissionais da área de psicologia, inclusive dentro da comunidade pouco é falado sobre isso, muitas famílias que passam por essa situação não são informadas adequadamente sobre o que é e quais os diretos tem os pais e os filhos envolvidos em conflitos conjugais. 
    Alienação Parental, termo inicialmente criado pelo psiquiatra infantil norte-americano, Richard Gardner, na década de 80, configura a campanha de afastamento da criança por um genitor provocada pelo outro. É discutido que essa campanha pode causar a Síndrome da Alienação Parental (SAP), que acarretaria inúmeros sintomas na criança, afetando fatores psicológicos, biológicos e sociais. Com a aprovação da lei, fica clara a participação do psicólogo no âmbito judicial, tendo como função, analisar e identificar a presença da alienação nas famílias que buscam auxílio do Poder Jurídico para resolução de conflitos familiares. Tal importância do psicólogo, nos fez pensar que o mesmo deve ter contato com a família com conflitos antes de qualquer procedimento judicial mais severo, onde através de pesquisa podemos concluir que muitos envolvidos em processo de separação encontram-se tão desgastados e sofridos com toda a mudança vivida que precisam muitas vezes de um apoio de um profissional que esteja de fora da situação, para uma orientação, antes que a briga prejudique ainda mais os filhos que são frutos dessa relação. 
      O que deve ser priorizado todo o tempo é a CRIANÇA, sem esquecer que os pais e os familiares também estão passando por novos momentos devido à separação conjugal e às vezes movidos pela raiva, pelas brigas, ciúmes, insegurança, acabam tomando atitudes de depreciar e afastar uns dos outros. Segundo Gardner (1991), a SAP inclui fatores conscientes e inconscientes, o que a torna mais do que uma “lavagem cerebral”, devido à tentativa do genitor alienador de programar e implantar falsas memórias podendo chegar até a falsa denúncia de abuso sexual, físico e emocional, fazendo com isso que a própria criança se afaste do genitor alienado. A Síndrome da Alienação Parental não se confunde, portanto, com a mera Alienação Parental. Aquela é geralmente decorrente desta, ou seja, a Alienação Parental é o afastamento do filho de um dos genitores, provocado pelo outro, geralmente, o titular da custódia. A Síndrome da Alienação Parental (SAP), por seu turno, diz respeito às seqüelas emocionais e comportamentais de que vem a padecer a criança vítima da Alienação. Devemos todos estar atentos dentro de nossas casas, dos nossos parentes, vizinhos, amigos e na comunidade, pois esse pode ser um problema que passa despercebido por nossos olhos e que com um pouquinho de atenção podemos evitar muitos sofrimentos e conflitos nas nossas crianças e adolescentes. A separação conjugal não deve ocasionar a separação parental, os pais continuam sendo pais e devem participar da vida dos filhos como tal.

      Esse tema retrata cada vez mais a vida das crianças nos dias de hoje, onde a família nuclear já não é composta apenas do pai, mãe e irmãos, tem o padrasto, a avó que cuida, primos, entre outros, e essa questão também gera um fator importante que é a falta de limites, pois tem muitas pessoas a volta daquela criança, e ela não sabe a quem respeitar não tem regras claras, mas esse será o tema da nossa próxima discussão: LIMITES.
Psicóloga  Laís Tavares


Vamos falar sobre o tema de hoje...